Moments - 24º Capítulo: My world is falling apart

 Fiquei pensando naquela conversa entre mãe e filho e então liguei tudo. Ela voltar chorando naquele fim de ano que passou com os tios em Dublin. No outro fim de ano, quando voltou para lá, saia cedo, triste, e voltava à noite, quase chorando. Seu comportamento estranho e, para Andy, sem explicação. Seu desmaio por quase nada na escola. Fitei os olhos claros da sra. Samuels e engoli em seco.

- Ela tá doente, não tá? – perguntei, receando a resposta. Pressentia que estava certo, mas torcia desesperadamente para não estar. Andy fixava o chão, cerrando os punhos. Os olhos da sra. Samuels transbordava tristeza. – Por favor... Me diz o que ela tem – pedi, sentindo os joelhos tremerem. – Só me diz isso – pedi novamente, num sussurro.

- Ela tem leucemia – respondeu o sr. Samuels, uma vez que a esposa não tinha palavras para mim, apenas lágrimas tristes e soluços vazios. Meus joelhos, enfim, cederam. Cai sentado no banco como um saco de cimento jogado para longe. Não podia acreditar.

- Não chore, meu menino – pedia a sra. Samuels, mas ela mesma não conseguia atender ao seu pedido. Não sei se ela estava dizendo isso para mim ou para Andy, que também desabara ao meu lado. Julie era tudo para ele, sempre foi. E agora... Agora isso.

- Ela não vai... – comecei, mas o soluço me impediu. – Por favor, me diz que ela não vai...

- Shh... – pediu a mulher à minha frente, colocando um dedo sob minha boca, me impedindo de pronunciar aquelas palavras tão dolorosas.

Os pais de Andy nos contaram que, quando Julie voltou chorando da casa dos tios, foi porque descobriu que estava com anemia. Eles forçavam-na a comer, mas ela resistia. Tentava sempre, mas não conseguia. Não tinha apetite algum. E então, no outro fim de ano, fez outros exames, a fim de descobrir porque a anemia não se curava. Foi então que teve a péssima notícia: podia estar com leucemia. Ela saia com a tia a semana toda para realizar exames. Andy não havia notado, mas o braço da irmã, naquelas semanas, estavam roxos devidos às agulhas que enfiavam em seus braços.

Quando enfim voltaram para Wolverhampton, Julie se sentia melhor. Também, depois de quase ser sedada com tanto remédio que tomava... Mas, não. Ela não estava curada. Devido ao pequeno tratamento contra a anemia que fizera em Dublin naquele final de ano, retardara a doença, mas não a expulsaram.

Depois de alguns dias de volta, Julie se sentia mais leve, mas ainda tinha receio de estar doente. Tentou fazer amigas, quis dar seu primeiro beijo com o garoto que gostava. Assim que a sra. Samuels contou essa parte, me olhando carinhosamente, senti meu rosto queimar. Andy levantou os olhos para mim e posso jurar que vi o lampejo de um sorriso.

- Ok – começou ele, dando, enfim, um sorriso, embora hesitante, meio ao clima triste. – Disso eu não sabia!

Eu sabia que Julie contava tudo para a mãe, só não achei que ela fosse comentar assim, aqui, na frente deles... Continuando. Julie tentou fazer amigas, contou seu segredo, que era sobre o garoto que gostava – eu –, mas acabou sendo decepcionada. E então Maria ficou com raiva, abriu a boca e fez Julie quase desmaiar. Sim, descobri que, se eu não a segurasse, ela desmaiaria. O que é isso? Leucemia.

Naquele dia, Andy e eu não ficamos sabendo, já que estávamos na rua, mas Julie foi levada ao médico, pois estava com muita falta de ar. E então a doença foi confirmada: leucemia linfoide crônica. É, eu sei. Ela raramente afeta crianças, mas, nunca diga nunca, não é? A gente sempre acha que está impune quando acontece com a gente. Ou, no meu caso, com alguém que a gente ama.

Como Andy ficava comigo o tempo todo, seja na rua, no parque ou em casa, não reparava que, volta e meia, a irmã ia fazer quimioterapia. A única coisa que sabia era que a irmã estava estranha, mas, quando perguntava aos pais o que estava acontecendo com ela, eles respondiam que nada, ou que não sabiam. Esconderam a doença de Andy por ele ser novo, com medo de que ele sofresse.

- E como acham que me sinto agora? – perguntou ele, chorando. Se meu coração estava apertado, imagina o dele? – Descobrir que vocês esconderam todo o sofrimento de Julie de mim. Que era algo sério, grave, e eu ter sido mantido de fora desse segredo. Eu não significo nada para vocês? – perguntou novamente e pude ver o peito da mãe dele se dobrar de dor. Os filhos significavam tudo para eles. Significavam a vida. Toquei-o no ombro, a fim de lhe passar confiança.

- Não diga isso – pedi, vendo como a sra. Samuels não consiguiria dizer absolutamente nada. – Eles amam vocês assim como você ama Julie. Eles só queriam o seu bem.

- Não – rosnou ele, entredentes. Seu punho estava ainda mais fechado, de modo que seus dedos já estavam brancos. Ele se virou para mim e sua expressão suavizou um pouco. – Quando você se mudar, vou com você.

- Andy – chamou a sra. Samuels, mas ele ignorou-a completamente.

- Promete que vai me levar para morar com você e seus pais em Birminghan – pediu Andy, novamente, quase quebrando os dentes de tanto apertá-los. Olhei para a sra. Samuels, sentindo pena dela. Mas ela soluçou mais uma vez e consentiu. Voltei minha atenção para meu amigo.

- Só enquanto Julie não voltar para casa – disse, com pesar na voz. Me doía dizer aquilo. Queria mais do que tudo que ela fosse liberada logo. Mas até agora não tínhamos notícia alguma. E eu tinha medo. Medo de perdê-la. – E então você volta para cuidar dela por mim, fechado? – propus, vendo-o consentir.

- Fechado.

Depois de quase meio ano fazendo tratamento, Julie estava bem melhor. Sendo assim, ela estava disposta a ser alguém melhor. Depois da mancada de Maria, Julie resolveu ser ela mesma comigo. Tentou ser minha amiga, aceitou a ajuda para as matérias, que foi quando aconteceu nosso primeiro beijo de verdade. E então teve aquela confusão com Maria na saída da escola, que agradeço até hoje por ter acontecido, pois só assim para eu tomar coragem para pedi-la em namoro.

Eramos novos, eu sei, e ainda somos. Mas eu realmente a amo. Deus, como eu a amo! E como estou aqui, tremendo de medo de que aconteça algo à ela.

Julie descobriu que sua doença não estava curada quando tínhamos quase um ano de namoro, quando ela caiu no banheiro de casa e, de seu simples ralado na perna e o braço que acertou o rosto, saiu sangue. Mais sangue que o normal. Andy estava dormindo na minha casa essa noite, de modo que não ficou sabendo quando os pais levaram a irmã apressadamente ao hospital, sofrendo novamente pela doença da filha só ter sido, mais uma vez, retardada.

Mas agora era diferente, segundo eles. Ela já não estava tomando os remédios corretamente, não queria comer, o que explica o fato de eu ter notado que ela estava emagrecendo de uns tempos pra cá. Faltou alguns dias à quimioterapia, e nunca desmaiara antes.

Foi então, por ela, que tomei uma decisão importante. Ia participar do X Factor daquele ano. Ela me pedia sempre para fazer a inscrição, mas eu dizia que não, que era novo, que não cantava bem. Mas ela dizia amar minha voz. Me pedia todos os dias para tentar, para eu me dar uma chance. E agora eu tentaria. Por ela. Por minha princesa.

- Vocês são parentes da senhorita Samuels? – perguntou um rapaz alto, um tanto novo, todo de branco. Deduzi que ele fosse o médico que estava cuidando de Julie. Consentimos, todos em silêncio. – Quem é Liam? – os olhos dos ali presentes se fixaram em mim, me fazendo engolir em seco.

- Sou eu, senhor – respondi, um tanto constrangido.

- E o que você é dela? – rebateu, me olhando atentamente.

- Na-namorado, senhor – respondi, sentindo o rosto corar.

- Hm, certo – murmurou ele, olhando de volta em sua prancheta. – A garota não para de chamá-lo. Ela está um tanto delirante, então perguntei, pois estava com receio de que fosse apenas sua imaginação. Essa doença é séria, vocês sabem... – completou ele, fazendo os pais de Julie se levantarem. – Esse é só o começo. Ela está com anemia, por isso desmaiou. Li seus registros, sei que ela fez quimioterapia e estava melhor, mas o quadro se agravou. Ela precisa ficar internada por um tempo. Está medicada e está dormindo. Se quiserem vê-la, podem, mas apenas dois podem entrar - completou, esperando a resposta.

- Entrem vocês – disse, ainda absorvendo as notícias. – Venho amanhã. Aliás, virei todos os dias – tentei sorrir, mas, agora, já era impossível. As lágrimas tomaram conta de mim novamente, e Andy tocou meu braço. – Vou ficar bem – menti. E então me levantei. Acenei com a cabeça para eles e saí. Assim que passei pela porta do hospital, corri. Forçando minhas pernas a um esforço extremo, até finalmente, chegar em casa.

Minhas bonitezas mais lindas!

Demorei, mas to de volta :3

Primeiramente, antes que comecem aquelas acusações de plágio de outra escritora aqui do blog (como aconteceu certa vez), já vou avisando: na short fic da Mila (Story of My Life), a S/n tem leucemia.

Mas eu comecei escrever Moments em dezembro do ano passado (essa beleza completou um aninho, e está incompleta), mas só continuei escrevendo (e comecei a postar) aqui no blog da Drica, em julho. Essa parte já tava escrita desde finalzinho de agosto. Então, por favor, não venham com essa de plágio. Nenhuma escritora aqui do blog tem essa de plágio. Não sabemos nunca o que a outra vai escrever e podem ocorrer ideias semelhantes, só isso. Mas nada de plágio, pelo amor de Deus!

Explicado a situação, vou comentar o cap... Ou melhor, vou perguntar.

O que esse destino tá preparando pra esses dois, hein? Sei não...

O que acham?

Comentem sempre e muito, princesas. Os comentários de vocês tem um poder sobrenatural pra quem escreve, e para as fic's não é diferente. Saber que vocês gostam do que nós, escritoras aqui do blog, escrevemos, é como ganhar o céu, o mar e as estrelas. É tudo de bom, gente.

Os elogios só nos motivam a escrever mais e mais, sempre pensando em vocês.

Obrigada por toda a força que vocês nos dão.

(E, quem ainda não segue o blog, vai lá. Dá um clique e siga. Vai fazer várias garotas sorrirem feito bobas :3)