30 de abril de 2015

FAKING IT - 4



 IV
TELL ME 

NATASHA P.O.V.

Estava saindo do banho quando escutei meu celular tocar.

- Alô?
- Natasha? sou eu, Valery, sua mãe

Soltei um longo suspiro, tentando não desligar o celular na hora.

- o que você quer? - perguntei
- será que pode depositar mais dinheiro na minha conta? estou dura
- não, não posso

Antes que ela começasse a choramingar, desliguei o celular.
Muitas pessoas que apenas veem essa cena imaginam que eu sou rude e mal agradecida, afinal ela foi a mulher que me deu a vida, porém, me dar a vida foi o mínimo que ela podia fazer, porque o resto, fez questão de tornar um inferno, ela acha que eu esqueci tudo, e que okay, está tudo bem, mas bem longe disso.
Não esqueci da cicatriz que ela me deixou quando meu pai a traiu pela primeira vez, não esqueci quando ela queimou exatamente no lugar da cicatriz com o maldito cigarro dela, esse é o motivo que odeio cigarros, só de ver, me lembram da dor daquela noite. Resumindo, não esqueci de nada e não vou esquecer.

- passado - disse a mim mesma - que eu não preciso lembrar

Me olhei no espelho, meus olhos já estavam cheios de lágrimas, passei a mão pelo rosto, tentando me convencer que minha mãe não havia me ligado. Finalmente vesti minha roupa, fiz uma maquiagem simples, calcei meus saltos, e saí.
Olhei para minha garagem sem meu carro, e lembrei que estava no concerto, DROGA! Não gosto de pegar táxis, então decidi simplesmente ir de metrô, já que ficava super próximo da WT, assim fiz, peguei o metrô, e me sentei no banco com meus fones escutando qualquer música, e no aleatório, acabou tocando Heartless do The Fray, me lembrei do Louis, acabei rindo comigo mesma, não deveria lembrar desse idiota, já que vou vê-lo daqui a pouco. Quando chegou na minha estação desci, e andei até a WT, quando cheguei, apenas subi pelo elevador, e fui direto pra minha sala.
Comecei a digitar o que eu precisa no computar, e ler um pouco alguns novos problemas do Louis, só pra variar.
Escutei algumas batidas na minha porta, e depois Louis entrou na minha sala.

- Natasha
- Tomlinson - sorri - algum problema?
- não, só vim dizer bom dia
- então, bom dia, acordou de bom humor?
- eu sempre estou de bom humor
- isso já é uma piada - ri
- e você está de mal humor, que novidade - ironizou
- odeio manhãs - cocei meus cabelos

Me levantei pra pegar um café, fiz um sinal oferecendo pra ele que recusou.

- não gosto de café
- você não gosta de nada também - me sentei na mesa
- ah, tem coisas que eu não só gosto como amo
- que são?

Ele se aproximou de mim e sussurrou no meu ouvido "suas pernas", soltei uma risada, e olhei pra ele, como pode ser tão descarado?

- bem, querido CHEFE, não posso fazer nada sobre isso
- você sabe que pode - piscou

Ouvi algumas batidas na porta, Louis se afastou e eu me sentei rápido na minha cadeira.

- pode entrar
- Bom dia, Natasha, Louis? o que está fazendo aqui? - Niall disse entrando
- conversando com minha advogada - disse em tom óbvio
- bom dia, Niall - sorri
- trabalho pra você - disse colocando uma pasta na minha mesa
- revirei os olhos - vocês vão me matar desse jeito
- Niall riu - estou precisando disso com urgência e sei que só você pra me ajudar - beijou meu rosto - faz esse favor né?
- o que ganho com isso? - ergui uma sobrancelha
- pago seu almoço
- dois dias seguidos, né?
- se você terminar logo, pago até três, preciso ir, tchau pessoal - saiu

Louis me encarou esperando que eu dissesse algo, mas o que ele queria que eu falasse?

- o que foi? - perguntei
- nada, só estranho você ficar prestando favores para o Niall, sendo que é minha advogada
- ri - Louis, estou ajudando pessoas da SUA empresa, deveria me agradecer, só estou tornando o trabalho mais rápido
- senhorita, eu quero o meu trabalho sendo resolvido mais rápido, os outros tem que ser competentes pra conseguir completar o seu
- me levantei - então reclame com o Niall, não comigo
- ele está um pouco acima de você, talvez fosse senhor
- veio pra cá pra implicar comigo? não estava de bom humor?
- ele acabou, Natasha
- que pena, Tomlinson - suspirei - isso é ridículo, bem está atrasando meu trabalho
- quero o processo da Secret pronto pra amanhã
- mas...
- amanhã, Senhorita - disse saindo

QUE RAIVA! Agora tenho que adiantar o processo, porém, vou fazer o que Niall me pediu, e entregar o processo pro Louis, tudo hoje, não sei como, mas vou.

(...)

Já estava tarde e havia passado do horário do meu expediente, mas eu havia acabado tudo, levei a pasta até a sala do Niall que já estava vazia, e depois fui até a sala do Louis, bati em sua porta duas vezes e entrei.

- ainda está aí? - ele me encarou
- pergunto o mesmo pra você - me aproximei de sua mesa
- o que você quer?
- terminei seu processo, está pronto, mandei pro seu e-mail
- e conseguiu fazer o que o Niall te pediu?
- isso não te interessa - me levantei

Não demorou para que eu o sentisse segurando minha cintura e me virando.

- sabia que deve me respeitar?
- sabia que você deve pelo menos tentar não me matar de trabalho desnecessário?
- revirou os olhos - fiquei nervoso
- Louis... eu ainda sou humana, você não sabe a dor de cabeça que me deixou
- não me desculpo, sua obrigação, Natasha
- não vou discutir com você, senhor Tomlinson
- já vai embora?
- claro
- quer uma carona? notei estar sem carro
- como sabe?
- quando estava vindo te vi andando até aqui e cantando feito uma louca
- revirei os olhos - dispenso sua carona
- mas eu faço questão - me puxou pra perto

Pousei minhas mãos sob seu peito e olhei para seus olhos azuis, ele desviou o olhar para os meus lábios, e antes que me aprofundasse nisso, me afastei.

- ahn... okay, aceito sua carona, só vou pegar minha bolsa

Saí rápido de sua sala e peguei minha bolsa, quando sai da minha sala ele estava fazendo o mesmo. Andamos até o elevador, quando ele chegou entramos no mesmo, ele apertou um botão errado, e depois outro, até apertar todos de uma vez.

- enlouqueceu?
- você sabe que sim - sorriu


Ele era insuportável, eu tinha vontade de matá-lo, mas quando ele se aproximava, parecia que meu QI ia embora, e deixava apenas meu corpo tomar conta da situação. Ele me encostou na parede gelada do elevador, fazendo-me arrepiar, já que minha blusa deixava um pouco das minhas costas nuas. Senti sua respiração já descompensada no meu pescoço e logo seus lábios encostaram depositando um beijo, segurei em sua nuca e o olhei em seus olhos.

- por que faz isso comigo? - perguntei - parece amar me deixar confusa
- não temos nada já faz mais de uma semana, Natasha, isso está me matando
- temos que fingir que nada acontece, esqueceu?
- talvez eu tenha esquecido

Antes que eu dissesse mais alguma coisa ele me beijou, segurou meu rosto e se aprofundou no beijo, eu não tinha reação além de corresponder, eu simplesmente ODEIO a forma como ele me faz sentir impotente, mas não tem como negar. Rompi o beijo, me virei e o encostei na parede.

- Louis, você tem que entender que você vai voltar pra Anne, e eu não vou ser a sua amante, então para com isso
- você quer que eu pare? - perguntou
- não me faça perguntas, só faça o que estou falando
- você é muito mandona, garota - segurou minha cintura - tem sorte que eu adoro isso quando estamos sozinhos
- não quero mais ficar sozinha com você
- para de querer agir com a cabeça - riu baixo
- eu preciso agir assim
- ninguém vai te demitir, ninguém vai ver nada, porque só tem nós dois aqui
- pra você é tudo simples
- se quiser eu faço ficar simples pra você - segurou minhas mãos - só me diga que quer
- Louis...
- você quer?

Continuei olhando em seus olhos e me sentia em um transe...

- que se foda - eu disse por fim

O beijei, ele soltou minhas mãos, e segurou em minha cintura, me impulsionou e eu entrelacei minhas pernas em sua cintura, fazendo minha saia subir, ele apertou minhas coxas e me encostou na parede, meus saltos caíram,  e eu beijei seu pescoço, senti sua mão subir e foi até meu ombro e tocou exatamente na minha cicatriz, rompi o beijo e me desprendi dele.

- elevador de fato não é... um lugar muito apropriado - ele disse recuperando o fôlego
- nenhum lugar é apropriado - coloquei os saltos e ajeitei o vestido - melhor irmos logo embora

Louis apertou normalmente o botão, fazendo que o elevador destravasse, e finalmente chegamos ao terreo, arrumei meus cabelos e fui até seu carro.
Quando entramos coloquei o cinto e ele começou a dirigir.
Maldita cicatriz, se eu pudesse simplesmente tira-la, mas é completamente profunda, e eu não tenho tempo pra me preocupar com ela.

- está tudo bem?
- sim
- ah... foi por que eu acabei encostando na sua cicatriz?
- você fez isso de propósito?
- você nunca deixa ninguém encostar nesse seu machucadinho... que besteira, Natasha
- para o carro
- o que foi?
- para o carro, agora

Assim ele fez, abri a porta e saí do mesmo, comecei a andar, mesmo escutando ele me chamar, não me importei, continuei andando o mais rápido que pude, até que ele segurou no meu braço e eu o encarei.

- me solta - eu disse
- o que está acontecendo? - ele perguntou
- não te interessa, me solta - tentei me soltar
- só te solto quando você me contar
- então vamos ficar aqui por um longo tempo
- me desculpa se foi porque eu falei dessa sua cicatriz, só fiquei nervoso
- me solta, Louis, por favor

Ai que merda, agora estava prestes a chorar, abaixei a cabeça para que ele não pudesse ver nenhuma lágrima caindo, ele soltou meu braço, porém segurou meu rosto, levantou minha cabeça fazendo-me encará-lo.

- quem é você, Natasha? - ele perguntou - você está me matando de duvidas
 - sofri e não quero lembrar - suspirei - me deixa ir embora
- sofreu pelo que? me conta
- olha, vamos deixar as coisas claras? - me afastei - você não se importa, ninguém se importa, porque só é a vida de uma advogada, só isso, nada além disso, não tenho ninguém pra se importar comigo, porque eu não preciso, então me deixa em paz!
- não, não vou te deixar em paz - se aproximou - sabe por que ninguém se importa? porque quando alguém começa a se importar, você afasta a pessoa de você, como está fazendo comigo agora, deve fazer com outras pessoas também
- porque eu preciso, se eu não posso confiar nem na minha própria mãe, quer dizer que eu não posso confiar em mais ninguém
- pode confiar em mim se quiser
- mas eu não quero
- então - segurou minha mão - deixa eu te dar a carona
- suspirou - tudo bem, não tem ônibus essa hora por aqui e eu odeio taxis

Andei até seu carro novamente, e ele dirigiu até minha casa, ficamos em completo silêncio. Quando chegamos, eu abri a porta e olhei para o Louis.

- valeu pela carona, eu acho
- ei
- o que foi?
- boa noite - sorriu
- boa noite, Tomlinson

Saí do seu carro e entrei em casa, me sentei no sofá, tirei os saltos e meu cinto, relaxei um pouco e passei a mão pelo rosto.
Acho que Louis foi a primeira pessoa que eu realmente senti vontade de simplesmente falar cada pedaço da minha vida, dos bons aos ruins, mas ele é apenas um homem, ainda por cima meu chefe, com certeza disse aquilo pra parecer uma boa pessoa, afinal ele foi educado assim, provavelmente. Só quero esquecer hoje, porque amanhã é outro dia.

DIA SEGUINTE

Novo dia, quando cheguei na WT, fui para a minha sala, hoje tinha menos trabalho já que adiantei a maioria ontem.
Soltei um espirro, bem provável que eu tenha começado a ficar gripada por ter saído sem blusa ontem, mas odeio remédios, então vou simplesmente esperar passar
Tomei uma água e fiquei sentada resolvendo coisas pequenas e depois relaxei.
Bem quando espirrei novamente, escutei a porta ser aberta.

- bate na porta - eu reclamei
- não preciso - Louis ironizou - está gripada?
- acho que sim
- bem, te quero na minha sala daqui cinco minutos - saiu

Respirei fundo e de fato espero que ele não queira me tirar do sério.
Depois de um tempo, me levantei e fui até sua sala, bati duas vezes na porta e entrei.

- algum problema, senhor Tomlinson - me aproximei
- a formalidade é por ontem?
- provavelmente
- sente-se - apontou a cadeira

Me sentei e  encarei esperando que dissesse algo, ele me olhou por segundos, fez um sinal negativo com a cabeça e olhou para os papéis em sua mesa.

- vamos viajar à negócios?
- oi?
- minha mãe te indicou - voltou a me encarar - e eu pensei nossa, que ótima ideia, já que minha funcionária é muito prestativa
- fala sério, tenho tanta coisa pra fazer e...
- como sou muito bom, três contratos mais recentes, e outros problemas pequenos, vou deixar pra minha secretária e outra advogada resolver
- essa viajem é sobre?
- a nova empresa da WT, vamos abrir uma em Los Angeles, já notei que você manipula bem as pessoas, então quero você ao meu lado
- Los Angeles?
- sim - assentiu - semana que vem
- já?!
- cade sua formalidade agora, senhorita? - ironizou
- só não mando você ir se foder porque é meu chefe
- riu
- por que sempre ri?
- porque não consigo levar certas coisas que você fala a sério - se levantou
- na maioria das vezes eu falo muito sério, bem só isso?
- só isso, alguma pergunta?
- quanto tempo de viajem?
- acho que cinco dias no máximo, talvez até menos
- tudo bem - me levantei
- vai me evitar mesmo?
- acho melhor fazer isso antes que tenhamos alguma confusão
- bem, continua na sua tentativa de fugir, Natasha
- se tiver algo sério pra falar comigo, me chame - saí de sua sala


CONTINUA...

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